Nosso País Selvagem


Do alto, as cidades parecem maquetes. Não houve turbulência. O avião pousou em solo baiano no fim da noite de quarta-feira, dia 18. Lá de cima, São Paulo é um aglomerado de luzinhas, casas de brinquedo, pessoa nenhuma.


Mas deixe-me falar das curvas da Bahia: serpentes iluminadas a subir e descer. Um frio na barriga. Chegamos.




4 dias e ⅓ de alegrias.




De frente para o mar...



A mãezinha Iemanjá nos acena, daquela janela grande.



Acarajé; tiara de trancinhas no cabelo; andanças no Pelourinho; viagem à Cachoeira; o disputado lançamento deste livro, Venho de um país selvagem. (Assunto para outro texto, que virá em breve).


Na quinta-feira (19), noite de autógrafos.  



Foi uma festa! Mais de cem autógrafos desse autor que eu amo duplamente, na vida e na literatura, sempre. Esta dedicatória, com orgulho pregada neste folha virtual, é o selo da renovação do nosso encontro:





Tive a oportunidade de conhecer muitos escritores, além de outras pessoas interessadas e interessantes.


A polêmica em torno da capa do livro. Autorretrato? Rimos.


Talvez seja o olhar profundo e melancólico, os lábios pequenos, as chagas no rosto. 


Há um martírio gozoso em Farnese de Andrade. O Bataille ressuscita. Migramos.





Depois de homenagens, fotos, filmagens e do ótimo coquetel, conhecemos o fotógrafo, Ricardo, e fomos jantar com ele e com o poeta alagoano que mora em Jequié, José Inácio, uma figura divertidíssima e cheia de histórias.



No dia seguinte, haja ladeira! Era o Pelourinho. Segundo o Rodrigo, a diferença entre a cidade histórica de Ouro Preto e essa região icônica de Salvador é que os becos desta última “têm uma vida autóctone”. 



No sábado, visitamos Cachoeira, uma cidade do Recôncavo baiano, conhecida por abrigar a maior concentração de terreiros da Bahia.


Era outra Macondo, agora a queimar. O sol dentro da pele, banhando a pele, amarelando o dia. As casas coloridas; as paredes ruindo; jumentos com a cesta nas costas; o velho barbeiro; senhoras debruçadas na janela, o vestido de algodão; galinhas e galos; meninos; a feira; ruelas por onde subimos... Mãe Filhinha.


Mãe Filhinha: uma senhora de 105 anos de idade. Sobe ladeira, desce ladeira, chegamos. Mãe Solange nos deixou na porta: “ Se Filhinha não botar a mesa para vocês, vocês se piquem, que o resto não vale um vintém”. Isso nos disse. E entramos no terreiro.



Mãe Filhinha veio logo. Pequenina, entusiasmada, lúcida.


O quarto minúsculo em que colocou a mesa de búzios parecia moldado para ela, cheio de uma aura mística, enorme apesar do tamanho.

Ganhamos perfume e castanha e saímos bem, zonzinhos de rir, imersos nas bênçãos daquele país selvagem.





Não foi dessa vez que conhecemos o João Vovô, indicação de uma anônima, que concluiu: “depois cês vorte e mi conti”.


Para nos despedirmos da Bahia, em Salvador, um grupo animado e caloroso nos ofereceu um excelente almoço: Cajazeira; Vivaldo Lima Trindade; Carlos e Teresinha; o "Presidente"; Aleilton e Rosana. Ouvimos casos, nos divertimos mais, tiramos foto.



Espero voltar àquela terra e rever a todos. Espero dialogar com aqueles escritores receptivos e integrados, que se reúnem frequentemente e falam muito mais de literatura do que de meio literário, que espanto!



Adorei.


No mais, aguardem notícias: Venho de um País Selvagem e Pleno Deserto devem ser lançados juntinhos no Rio e em São Paulo. Do contrário, haverá lançamento simbólico do meu livro, cheio de surpresinhas...


Beijos,


Maiara.


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Post Scriptum