Um pouco de Dylan Thomas

A mão ao assinar este papel

A mão ao assinar este papel arrasou uma cidade;/cinco dedos soberanos lançaram a sua taxa sobre a respiração;/duplicaram o globo dos mortos e reduziram a metade de um país;/este cinco reis levaram a morte a um rei.//A mão soberana chega até um ombro descaído/e as articulações dos dedos ficaram imobilizadas pelo gesso;/uma pena de ganso serviu para pôr fim à morte/que pôs fim às palavras.//A mão ao assinar o tratado fez nascer a febre,/e cresceu a fome, e todas as pragas vieram;/maior se torna a mão que estende seu domínio/sobre o homem por ter escrito um nome.//Os cinco reis contam os mortos mas não acalmam/a ferida que está cicatrizada, nem acariciam a fronte;/há mãos que governam piedade como outras o céu;/mas nenhuma delas tem lágrimas para derramar.

In: A Mão ao Assinar este Papel, tradução de Fernando Guimarães