bem + que os meus 20 e poucos anos | n.18


No dia 11 de outubro de 2009, terei 26 anos. Hoje, revendo photos, relendo cartas, tive a exata dimensão de quanto a minha balança pende muito mais para o lado da alegria, da boa sorte. Até o dia do meu aniversário, postarei, ao todo, 26 relíquias. Como velinhas do bolo, a iluminar intenções saborosas, para que todos se lambuzem.



Cheguei aqui nuns outubros de um ano que não sei, não estava velha nem estou, talvez jamais ficarei porque faz-se há muito tempo nos adentros importante saber e sentimento. Amei de maneira escura porque pertenço à Terra, Matamoros me sei desde menina, nome de luta que com prazer carrego e cuja origem longínqua desconheço, Matamoros talvez porque mato a mim mesma desde pequenina (...) fujo, fera-menina escondida nos tocos, me pego, dedos do pé apertados, tão curtos, distendo-os puxando as pontas e com eles converso ó pequeninos dedos que aceitam todo o caminhar, nudos em humildade, que passeiam por pedras e nas águas se afundam, são dedos dos pés de Matamoros e se agitam conforme minha toda vontade, fiquem ao sol assim, digo eu, a metade de mim no vazio do toco, as canelas e os pés na alegria dos ares e assim que digo sinto que se aquecem de contentamento, e que lá de cima alguém me manda a oferta de calor e sonho, reparo neste instante em mim de forma mais precisa, mais olhante, endureço as pernas como se fosse alcançar a novidade no debaixo das pedras, ato que permite que se faça em brilho um escurinho de pêlos espalhados na coxa, Matamoros esfrega suas penugens e adora descobrir que tem gramíneas pretas eriçadas, que é estranha como uns bichos que viu sobre a folha das mamonas, que peluda tanto assim, não é, mas que começa a ser com as semelhanças. Tu não te moves de ti. Hilda Hilst.